CINEMA INDIANO
Provavelmente não
serão muitos os que sabem que o país que mais filmes produz continua a ser a
Índia. Mais que os EUA ou a República Popular da China!
E tudo começou há um
século, com a estreia do primeiro filme produzido naquele país, então ainda
ocupado pelo império britânico Foi em Bombaim, e era uma adaptação do mais
famoso dos poemas épicos indianos, "Mahabarata". O filme chama-se
"Raja Harishchandra" e foi realizado por Dadasaiheb Phalke. Não posso
falar do Cinema Indiano sem referir o mais célebre dos seus realizadores,
Satiajit Ray, cujas obras principais foram exibidas na Europa. A sua
"Trilogia Apu" (que revi na Cinemateca há poucos anos) é uma
obra-prima absoluta e, pelo menos para mim, continua na reduzida lista de obras
máximas da Sétima Arte.
A propósito recuperei
um texto que escrevi aquando da visão de "Mother India", também na
Cinemateca, para os amigos interessados.
"MOTHER INDIA, de
Mehboob Khan (IND) (1957) (visto na Cinemateca)
Nos anos 50, passou em
Portugal, nomeadamente (e salvo erro) no velho cinema Odeon, “Prestígio Real”
(1952), filme deste famoso cineasta indiano. Grande sucesso universal, também o
foi em Lisboa, estando mais de um ano em exibição e vimo-lo então como quase
toda a gente. (embora ainda adolescente)
No entanto “Mother
India” (provavelmente o seu maior sucesso e um dos maiores da história do
cinema indiano – um dos mais importantes do mundo, pelo menos em quantidade de
obras produzidas), não foi exibido em Portugal, muito provavelmente banido pela
censura.
O que continua a ser
admirável neste melodrama de Mehboob (1906-1964), com quase três horas de
duração, apesar do seu classicismo, é o sentido popular, no bom sentido,
dirigido às grandes massas, fluindo entre as cenas de intenso dramatismo e as
de festa, com as manifestações de alegria popular, nunca caindo no ridículo,
mesmo aos olhos intelectuais urbanos do início do século XXI.
A história do Cinema
(e a propósito refira-se o belo texto de José Manuel Costa, em “Cinemas da
Índia”, crítico que se destaca nas publicações Cinemateca, pela qualidade dos
seus escritos), refere-se-lhe como sendo uma espécie de Mãe Coragem Indiana,
interpretada pela famosa actriz Nargis. Os verdadeiros heróis são parte do povo
anónimo, constituindo este, de facto, o grande protagonista da saga. É a vida
dos camponeses que é mostrada, com todos os seus dramas (e algumas poucas
alegrias), ocasionados pelas condições de exploração, por vezes sub-humanas, em
que trabalham e vivem, ficando a religião, que outros tendem a mostrar como o
principal, para segundo plano, reduzida à sua real função de tentativa de
lenitivo para as agruras da existência, e como tal acarinhada pelo poder.
Aliás é
fundamentalmente, nestes aspectos – cinema de massas, o povo como protagonista,
que se lhe podem apontar influências do cinema soviético e por outro lado o
diferencia radicalmente do cinema de Cecil B. de Mille, com o qual alguns o
querem aparentar.
Apesar da sua longa
duração, vê-se sem ponta de fastio e com alguma emoção."
(publicado no facebook, em Mai-2013)
https://www.google.pt/search?q=mother+india&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=XjZxUu31D83G7AbrqoDwAw&ved=0CAcQ_AUoAQ&biw=1263&bih=467#facrc=_&imgdii=_&imgrc=dziITC2C7QE-9M%3A%3BXNTpAcxAsZLJBM%3Bhttp%253A%252F%252Fwww.missmalini.com%252Fwp-content%252Fuploads%252F2013%252F05%252FMother-India-Movie-Poster.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fwww.missmalini.com%252F2013%252F05%252F06%252Fmother-india-has-been-to-greece%252F%3B527%3B318
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