de Octave Mirabeau (1860-1917), adaptação teatral de Clara Rocha Viegas, direcção e encenação de Armando Caldas, para o INTERVALO – GRUPO DE TEATRO, interpretação de Adriana Rocha
O romance foi escrito
em 1900, e dedicado ao jornalista Jules Huret (1863-1915), autor de “Enquête
sur la Question Social en Europe” (Inquérito sobre a Questão Social na Europa),
de 1891 (entrevistas) e 1897.
Esta obra, sobre as
relações desiguais entre senhores e servos, entre patrões e criados, escrito em 1900, episódio da luta de classes,
tem apaixonado grandes mestres. É uma visão,
sob o ponto de vista dos humilhados e oprimidos, em contraponto às idílicas e falsas versões das
classes dominantes, de que a
relativamente recente série televisiva britânica, “Upstairs, Downstairs”, é um bom
exemplo, tendo obviamente, diga-se de passagem, a qualidade de alguns produtos
daquela origem destinados ao grande público.
Jean Renoir, ” o grande
mestre do realismo poético”, na opinião de Georges Sadoul, o autor de “La Régle
du Jeu” (A Regra do Jogo), de “La Grande Illusion” (A Grande Ilusão), de “The
River” (O Rio Sagrado) ou do menos conhecido (por razões ideológicas) “La Vie
est à Nous” (1936), adaptou em 1946, com
a colaboração do actor Burgess Meredith, o romance de Mirabeau. O filme
intitulou-se “Diary of Chambermaid”, realizado nos EUA, durante o exílio de
Renoir naquele país, na época do nazi-fascismo e da ocupação da sua França
pelos nazis. A famosa Paulette Goddard foi a protagonista.
Luis Buñuel, “de uma
infinita ternura sob uma aparente crueldade, intransigente e compreensivo, a
honestidade e a fidelidade a si próprio, à sua arte, aos seus ideais , aos seus
amigos” (Georges Sadoul, também no seu “Dicionário dos Cineastas”), realizou em
1964, com adaptação de Jean-Claude Carrière do romance de Mirabeau, uma versão
com o mesmo título, transportada para os anos 30, época da ascensão do fascismo
na Europa. Jeanne Moreau, a grande diva do cinema francês, tem nesta obra de
Renoir, um dos seus grandes papéis.
A encenação do
Intervalo Grupo de Teatro para o romance de Mirabeau é mais um dos grandes
espectáculos desta companhia, de tão grande qualidade que faz prever a sua
passagem por alguns dos melhores palcos do nosso País.
Excepcional
interpretação, a solo, de uma jovem actriz, Adriana Rocha, que vimos pela
primeira vez e nos surpreendeu pela enorme qualidade do desempenho. São cerca de 90 minutos, num cenário único, em
que só a luz e as deslocações da actriz através da cena variam, que passam num
ápice e nos emocionam.
Quem acompanha desde
sempre o trabalho desta companhia, que vai no seu 44º ano de actividade e 87º
espectáculo (incluindo o precursor 1º Acto Clube de Teatro, em Algés), diz que
este pode juntar-se aos melhores espectáculos da companhia, e a nós, que só há
alguns anos (mas já são alguns...) os
seguimos sem falha, não nos custa a acreditar.
Por isto tudo, Amigos,
não faltem! E em especial aos que não conhecem este carismático espaço de cultura
da nossa área metropolitana, aproveitem esta oportunidade para o ficarem finalmente
a conhecer. É que culturalmente é imperdoável não o fazerem.
(publicado no facebook, em 15-Jun-2013)
https://www.google.pt/search?q=di%C3%A1rio+de+uma+criada+de+quarto,+intervalo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=mDlxUqugAZLX7Aak9IGQBA&ved=0CAcQ_AUoAQ&biw=1263&bih=510#facrc=_&imgrc=PPk936HIEfSwGM%3A%3BSM6u9RDcAdv2PM%3Bhttp%253A%252F%252Faviagemdosargonautasdotcom.files.wordpress.com%252F2013%252F06%252F4554291.jpg%253Fw%253D710%3Bhttp%253A%252F%252Faviagemdosargonautas.net%252F2013%252F06%252F28%252Ffui-ao-teatro-ver-diario-de-uma-criada-de-quarto-de-octave-mirbeau-por-joao-machado%252F%3B460%3B307
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