NOTAS CINÉFILAS
(publicada no facebook, em 24-OUT-2013)
“PRISONERS” (Raptadas), de DENIS VILLENEUVE
Foi o ter lido há dias que este cineasta quebequiano (Trois-Rivières, 3-Out-1967) havia realizado uma adaptação, que agora teve estreia mundial, do magnífico romance “O HOMEM DUPLICADO”, do nosso José Saramago (Nobel da Literatura em 1998), a que Villeneuve deu o título de “ENEMY”, e tendo aliás também Jake Gyllenhall como actor principal, que me despertou a curiosidade de ver a sua anterior obra, “PRISONERS”, actualmente em exibição na nossa cidade.
O rapto de crianças, seja por pedofilia, seja por outras não menos assustadoras razões, como o tráfico de órgãos, que continua a atingir milhares de crianças por todo o mundo, em especial as socialmente mais vulneráveis, por as famílias não terem nem recursos nem conhecimentos para sequer se queixarem às autoridades (e onde estão estas, em muitos casos?) e a tentativa posterior da família de fazer justiça pelas próprias mãos, com todas as consequências conhecidas, associais e morais, uma das quais e das mais graves é a de, não poucas vezes, a vingança vir a recair sobre inocentes, é o tema, fortíssimo deste filme.
Villeneuve, ao pôr a acção num pequeno meio urbano da Pensilvânia, no interior dos EUA, mostrando a conhecida, enorme e pouco recomendável, influência das seitas religiosas em grande parte da população norte-americana, tem o claro objectivo, penso, de mostrar como o resultado disso é mais uma vez um feroz individualismo que pode justificar as maiores atrocidades.
No entanto fica-se com a sensação de que o tema podia ser melhor tratado, com menos ambiguidade, mais por deficiências de argumento do que por realização, que aliás é excelente. Fica por isso longe da grande obra-prima (na minha opinião) de Clint Eastwood que é “MYSTIC RIVER”, com a qual alguns críticos pretendem aparentar esta obra de Villeneuve.
As interpretações são excelentes, incluindo a do difícil papel do pai, que resolve fazer justiça pelas próprias mãos, entregue a Hugh Jackman. Ao contrário aliás do que lemos algures.
A ver portanto.
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