Ganhou o Leão de Ouro de 1966, prémio principal
de um dos mais famosos festivais de cinema do mundo, o de Veneza.
Vi-o ontem na Cinemateca, numa sessão mais ou menos esquecida, ao fim da tarde, em sobreposição aliás com a visão de outra obra-prima, "Tempestade na Ásia" (Potomok Ghingis-Khana), (1928) do famoso mestre soviético, Vsevolod Pudovkine, o autor de "A Mãe", que gostaria também muito de ter visto...
Só vou ter tempo agora para duas ou três brevíssimas notas, muito pessoais, sobre esta obra que, como outras do mesmo realizador, continuam a causar polémica, a favor ou contra, conforme a ideologia de quem vê. É que, como em "Kapò", outra obra célebre de Pontecorvo, de denúncia do horror dos crimes do nazismo, com os seus campos de concentração e de extermínio, em que alguns conseguiram sobreviver até certo ponto mas à custa da sua dignidade, se trata de um cinema frontal, que no seu desejo de intervir, não hesita em mostrar a realidade, por muito horrível que seja de ver.
Vi-o ontem na Cinemateca, numa sessão mais ou menos esquecida, ao fim da tarde, em sobreposição aliás com a visão de outra obra-prima, "Tempestade na Ásia" (Potomok Ghingis-Khana), (1928) do famoso mestre soviético, Vsevolod Pudovkine, o autor de "A Mãe", que gostaria também muito de ter visto...
Só vou ter tempo agora para duas ou três brevíssimas notas, muito pessoais, sobre esta obra que, como outras do mesmo realizador, continuam a causar polémica, a favor ou contra, conforme a ideologia de quem vê. É que, como em "Kapò", outra obra célebre de Pontecorvo, de denúncia do horror dos crimes do nazismo, com os seus campos de concentração e de extermínio, em que alguns conseguiram sobreviver até certo ponto mas à custa da sua dignidade, se trata de um cinema frontal, que no seu desejo de intervir, não hesita em mostrar a realidade, por muito horrível que seja de ver.
Na "Batalha de Alger", apesar da sua aparente neutralidade e secura, sentimos que se trata de um filme muito pensado, em que é evidente a influência dos revolucionários argelinos que participaram na feitura do filme, a pedido do seu governo.
Não vi referidas nas críticas que conheço (muito menos na folha da Cinemateca) mas logo me foi salientado por um amigo que também viu o filme, a extraordinária cena do casamento dos jovens militantes da FLN, pelo que ela significa num contexto de luta revolucionária, de libertação nacional, perante um ocupante que não hesita em recorrer ao terrorismo e à pior das torturas, que só termina quando o prisioneiro confessa. E quando não confessa "é suicidado na cela", como acontece ao dirigente da FLN preso pelos franceses.
Outra cena admirável é a do jovem adolescente que "rouba" o megafone aos militares, durante a repressão à GREVE GERAL de 7 dias, e o utiliza ele próprio, fazendo renascer a esperança da população do Casbah de Alger.
O filme foi feito depois da independência, por isso nós espectadores sabemos desde início quem vai vencer: os patriotas e revolucionários argelinos. Ainda que, para que a Revolução Argelina triunfasse, muitos tivessem que dar a vida, como os personagens do filme, suponho que a maioria personagens reais. Neste episódio da Guerra da Argélia, a repressão e a violência colonialistas aparentemente triunfam no Casbah. O que o filme mostra magistralmente é que nada podia deter o desejo de Libertação daquele povo oprimido.
Só uma nota final para referir que o realizador é Gillo Pontecorvo (Pisa, 19-Nov-1919 - 12-Out-2006), cuja primeira obra vimos ainda nos anos 60, no circuito cineclubista, o magnífico "La Lunga Strada Azurra", e logo nos chamou a atenção para este homem. O argumento é de Franco Solinas (Sardenha, 1927 -14-Out-1982) outro nome grande do cinema italiano, com uma longa colaboração com Gillo Pontecorvo. Ambos, além de importantes nomes do Cinema Italiano, foram cidadãos empenhados na luta pela melhoria de vida do povo do seu país (foram militantes comunistas).
Outra notável colaboração nesta obra é a de Giuliano Montaldo (o famoso autor de filmes como "Sacco e Vanzetti" e "Inês Vai Morrer"). Também ele civicamente actuante e de quem, curiosamente, desconhecia a sua participação importante no filme, por nunca a ter visto citada na crítica (nem na folha da Cinemateca...), e que só ontem ao ver o filme, li no seu genérico final.
E também Ennio Morricone, o grande compositor, com algumas obras famosas compostas especialmente para o cinema. Estes dois artistas, felizmente ainda activos.
(visto em 21-Jul-2012, na Cinemateca Portuguesa)
NOTA FINAL:
Gostaria
de rever "Kapò", e o seu trágico final, com o movimento de câmara que
alguns aproveitaram para atacar a obra (a morte da protagonista, protagonizada
por Emmanuelle Riva, ao se atirar contra as electrificadas vedações de arame
farpado). Para então poder falar da violenta polémica, que continua até aos
dias de hoje. Julgo que não deixa de ser apesar de tudo uma questão ideológica
que tem a ver, como tudo, com a Luta de Classes. Será que a Cinemateca nos vai
dar essa possibilidade?
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