O INTERVALO
GRUPO DE TEATRO não pára de nos surpreender com a qualidade dos seus
espectáculos.
Depois de
vários e magníficos espectáculos em que grandes clássicos da comédia foram
representados, agora uma belíssima homenagem a Miguel Torga, em duas
partes.
A primeira parte, uma biografia teatralizada do escritor e poeta, com leitura de poemas por Carlos Paiva e Fernando Tavares Marques, dois dos grandes actores desta companhia dirigida por Armando Caldas.
A segunda, um extracto da sua peça "Mar", escrita em 1941, que constituiu, em minha opinião, um magnífico momento de Teatro. Não só porque a parte seleccionada conseguiu dar uma excepcional ideia do fundamental expresso naquele texto, que tem muito de poético, como a sua representação teve momentos ímpares de tensão dramática. Foi por vezes emocionante e comovente, com um final soberbo, com actores e público cantando em uníssono, tocado (Luís Macedo) ao vivo:
A primeira parte, uma biografia teatralizada do escritor e poeta, com leitura de poemas por Carlos Paiva e Fernando Tavares Marques, dois dos grandes actores desta companhia dirigida por Armando Caldas.
A segunda, um extracto da sua peça "Mar", escrita em 1941, que constituiu, em minha opinião, um magnífico momento de Teatro. Não só porque a parte seleccionada conseguiu dar uma excepcional ideia do fundamental expresso naquele texto, que tem muito de poético, como a sua representação teve momentos ímpares de tensão dramática. Foi por vezes emocionante e comovente, com um final soberbo, com actores e público cantando em uníssono, tocado (Luís Macedo) ao vivo:
Mas a mágoa da distância
Tem sereias
no olhar
E sonhos de
uma abundância
Que o
nevoeiro faz sonhar
Canto de sereia ouviu
E tanto
sonho embalou
Que o
Domingos seguiu
E nunca mais
regressou
(versos de Fernando Tavares Marques, música de Luís Macedo)
Sonhos,
amarguras, vida e morte, dos pescadores, suas companheiras e família.
Deixo-vos, para terminar, um
poema de que gosto muito e julgo que tem muito de pessoal:
Vento que passas, leva-me contigo.
Sou poeira
também, folha de outono.
Rês
tresmalhada que não quer abrigo
No calor do
redil de nenhum dono.
Leva-me, e livre deixa-me cair
No deserto
de todas as lembranças,
Onde eu
possa dormir
Como no
limbo dormem as crianças.
(Diário,
Miguel Torga)
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