Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

sábado, 16 de janeiro de 2010

MÚSICA OUVIDA EM 2009 - Ary Sempre

“ARY SEMPRE!”, ***** (5)

Um espectáculo inesquecível no Coliseu de Lisboa, em 4 de Dezembro de 2009, com a sala esgotada.
Que ficará na memória de quem a ele assistiu, tal como já acontecera na mesma sala, no longínquo 29 de Janeiro de 1983, no grande e último concerto de José Afonso. Ou mesmo, recuando um pouco mais, ainda antes do 25 de Abril, e também nesta sala de grandes tradições, no concerto intimista do cantor basco Patxi Andion, de quem gostávamos muito nesses tempos sombrios.
Concertos únicos, irrepetíveis pela sua especificidade e qualidade, aos quais tivemos a sorte e a felicidade de termos assistido.
Com a presença de Carlos do Carmo, indiscutivelmente o maior intérprete das canções dos poemas de José Carlos Ary dos Santos, magnificamente acompanhado pelos músicos Ricardo Rocha (guitarra portuguesa), Carlos Manuel Proença (viola) e Fernando Araújo (baixo), e ainda a participação especial do novel e excepcional pianista Bernardo Sassetti que, relembremos, havia já participado no projecto “Novo Homem na Cidade”, em 2004, com outros intérpretes, muitos dos grandes nomes actuais do Fado, de Mariza a Camané, entre vários outros, portugueses, cabo-verdianos e brasileiros.
Sobre o Poeta (Lisboa, 1936 – 1984), “O Poeta da Revolução de Abril”, relembrar apenas que é só um dos nossos maiores poetas, também com a qualidade maior e muito rara de conseguir chegar de maneira directa aos seus leitores (ou ouvintes dos seus poemas musicados), sem que para isso tivesse que abdicar da enorme qualidade e lirismo na sua obra. Como Neruda.
Relembremos, para além da discografia, a “Obra Poética” e “As Palavras das Cantigas”, nas “Edições Avante!”, que reúnem grande parte da obra do poeta, e a belíssima edição de “Foto-grafias”, com fotografias de Nuno Calvet, edição Quadrante, de 1970, que terminava com o “Retrato do Herói”,
“Herói é quem num muro branco inscreve
O fogo da palavra que o liberta:
Sangue do homem novo que diz povo
E morre devagar de morte certa
(…)
Momentos altos deste concerto foram, claro, as obras-primas “Um Homem na Cidade” (música de José Luís Tinoco), “Estrela da Tarde” (música de Fernando Tordo) ou “Os Putos” (música de Paulo de Carvalho), este acompanhado em coro pelo público, tal como em outras canções. E o momento único e vibrante do início com a projecção de um filme feito para a televisão, onde o poeta dizia um dos seus mais célebres poemas políticos, “As Portas Que Abril Abriu” (1975), que existe publicado em DVD, também pelas “Edições Avante!”.
No final os artistas foram longamente aplaudidos de pé.
A organização do espectáculo foi do Partido Comunista Português, a quem o poeta deixou os direitos da sua obra.
***** (5)

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