Cultura!

Cultura!

OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

CINEMA PORTUGUÊS EM 2009 - II - Os Sorrisos do Destino


“SORRISOS DO DESTINO (OS)”, de Fernando Lopes, (POR), **** (4)

É impossível não gostar de uma obra que começa pelo Julião Sarmento, aqui como actor, de máquina em punho a fotografar o corpo feminino. Lembrar as fotos do pintor e artista (Lisboa, 1948) sobre o tema, nomeadamente o célebre “Quatre Mouvements de la Peur”, de 1978. E depois continua pela leitura de um excerto de uma obra inesquecível dos tempos do fascismo, do famoso jornalista e escritor moçambicano, Luís Bernardo Howana, o livro de contos “Nós Matámos o Cão Tinhoso”, cuja distribuição conseguiu parcialmente escapar à censura fascista (a edição que tenho é de 1964). E prossegue depois com Joseph Conrad, entre outros.
Amores e desamores de uma geração que se adapta mal às tecnologias, muitas vezes medíocres e perigosas, do tempo que passa. A lista dos contactos que se vai com a perda do telemóvel ou com a avaria do computador (e que surge para alguns quase como um trauma), a recusa dessas mesmas tecnologias nos seus aspectos mais idiotas, por alguns dos personagens (Rui Morisson), cultos, inventados pelo autor (haverá aqui algo de autobiográfico?). Mas também as escutas ao telefone do parceiro, que quase qualquer um pode fazer.
Não é de admirar por isso que este filme subtil, olhar sobre a Mulher, de um cineasta que, embora sem o fulgor dos seus grandes filmes (“Belarmino” e “Uma Abelha na Chuva”, em primeiro lugar), nos fascina por vezes, tivesse sido rejeitado pela maioria dos críticos que escrevem nos media dominantes!
Uma palavra para a excelente equipa de actores, que incluiu um pequeno grupo de nomes muito ligados ao autor, extremamente eficaz, com especial relevo para o duo Rui Morisson/Ana Padrão, simplesmente magnífico.
Uma obra inteligente, irónica, subtil, que se vê com muito prazer e um sorriso (impagável cena da busca do cão perdido, entre outras).
**** (4)

Sem comentários:

Enviar um comentário