Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

sábado, 16 de janeiro de 2010

TEATRO VISTO EM 2009 - VII - Zerlina

“ZERLINA”, de Hermann Broch, encenado por Robert Cantarella, para a companhia francesa LALA (Les Acteurs Librés Associes), **** (4)

Este também é um festival de actrizes! Chegou a vez de Thérèse Crémieux, uma magnífica Zerlina.
Não a Zerlina de D.João, de Mozart, aquela que o nosso José Saramago transformou numa das suas heroínas, criando, uma vez mais, o par mágico – um homem e uma mulher, que consubstancia parte da sua obra, par que se destaca, em geral como símbolo, da massa de gente revoltada contra a exploração e injustiças de que é vitima, mas gente que constitui o núcleo fundamental do seu magistral e nobelizado trabalho.
Esta Zerlina, é outra, a velha criada do pequeno texto do famoso escritor austríaco, Hermann Broch (Viena, 1886 – New Haven, 1951), autor de “Os Sonâmbulos” e de “A Morte de Virgílio”, que em 1938 teve que abandonar definitivamente o seu país natal, devido às perseguições nazis.
O encenador Robert Cantarella, grande nome do teatro europeu, adaptou-o, não sei se integralmente ou não, em espectáculo magnífico e encantatório. É conhecida a opinião sobre este texto, de Hannah Arendt, a autora de “Homens em Tempos Sombrios”, que considerava “Zerlina” de Broch, a mais bela história de amor que conhecia.
Esta encenação seduz irresistivelmente o espectador, muito por mérito da sua actriz. Que tem também uma dicção perfeita, que quase dispensava a legendagem, mesmo para um espectador esquecido das línguas como eu, embora prefira que ela exista sempre, para não me escaparem as nuances, às vezes fundamentais, do texto.
No final, perante a afirmação de quem quisesse saber o resto da história da criada Zerlina, esperasse pela terceira parte, alguns espectadores perguntavam em surdina, e ansiosamente, “Quando?”. E foi necessário organizar uma sessão extra (não para ver a terceira parte…), dada a afluência de público.
**** (4)

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