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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

CINEMA PORTUGUÊS EM 2009 - VII - Quatro Copas e Felicidade

“QUATRO COPAS”, de Manuel Mozos (POR), ** (2)

Um muito interessante filme português, mais pelo que promete em termos de futuros trabalhos do que pelo que realmente é.
A despeito dos magníficos actores (excelente também o veterano João Lagarto, na figura do pai) e de algumas cenas muito boas, falha pelo argumento, que por vezes se arrasta. É que falar sobre pessoas vulgares, como a maioria dos que nos rodeiam (e eu próprio) – um pai (Miguel) que gosta de jogar à bola e tocar num bar onde se canta fado castiço, que não consegue prender, também sexualmente, a companheira (Madalena), mais jovem, cabeleireira, que ele conseguiu afastar do jogo, e conquistar, pagando-lhe as dívidas, e que o engana com um namorado jovem; com uma filha (Diana), jovem meio perdida neste mundo, com poucas ou nenhumas perspectivas de futuro, que faz biscates no cabeleireiro da madrasta; e o namorado desta, segurança, que se quis afastar do sub-mundo da noite e dos golpes, e que acaba por se apaixonar por Diana, que o quer afastar da madrasta, por causa do pai, necessita do engenho de um verdadeiro escritor, que consiga ir para além do superficial, e tocar naquilo que faz a grandeza e miséria do homem e dos seus sentimentos.
Mas como cinema, não tem comparação possível com o cinema comercial que passa nas salas da nossa cidade, incluindo o português, porque “4 Copas” está num patamar mais elevado de qualidade.
A ver e a seguir futuros trabalhos do realizador.
** (2)

“FELICIDADE”, curta-metragem, de Jorge Silva Melo (POR), **** (4)

Não vi muito referida, pelos críticos de cinema deste país, a exibição desta pequenina jóia (cerca de 10’), produzida pelos Artistas Unidos, escrita e realizada pelo Jorge Silva Melo e interpretada, no papel do pai, pelo grande cineasta português Fernando Lopes.
No entanto a dupla realizador-actor principal, é quase perfeita neste filmezinho sobre quem sente a vida em perigo e desfruta os últimos momentos de liberdade, limitando-se a olhar o que a vida tem às vezes de muito simples, mas que não deixa de ser belo. Isso constitui, como os que já passaram por situações semelhantes sabem, um daqueles raros momentos de felicidade, de que a vida é, muitas vezes, e se calhar para a maioria de nós, tão avara.
Fez-me lembrar, pelo belo travelling perto do mar, o inesquecível “Agosto” (*****), baseado em Cesare Pavese, que é, para mim, o melhor filme de Jorge Silva Melo e também um dos melhores do Cinema Português, a juntar ao pequeno lote de obras de que gosto muito, do Fernando Lopes, do Paulo Rocha, da Teresa Villaverde, do José Fonseca e Costa, do João César Monteiro, da Ana Luísa Guimarães, do Manoel de Oliveira e mais alguns, mas nunca esquecendo os precursores Manuel Guimarães, Artur Ramos e Ernesto de Sousa (Dom Roberto), que romperam com o velho e decrépito cinema português.
“Felicidade” está em exibição juntamente com “As Praias de Agnés”, de Agnés Varda. Quem goste de Cinema, de Cultura, não deve perder nenhum deles.
**** (4)

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