Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

sábado, 16 de janeiro de 2010

TEATRO VISTO EM 2009 - VI - As Criadas

26º FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA

Já começou. E brilhantemente, com a encenação do suiço Luc Bondy, da famosa peça de Jean Genet, “As Criadas” (1947), para a reputada companhia alemã “Volksbühne” (Teatro do Povo), sedeada na Praça Rosa Luxemburgo, em Berlim, Alemanha. A peça foi estreada em Junho de 2008, no Festival de Viena. Gostaríamos de falar oportunamente sobre esta peça e sobre este espectáculo, que esgotou o magnífico auditório do Teatro Municipal de Almada, em duas sessões, e foi magistralmente interpretada por Edith Clever (Madame), excelentemente acompanhada pelas criadas e irmãs, Caroline Peters (Claire) e Sophie Rois (Solange). O tema é conhecido – as relações senhores-servos, a que o genial autor deu uma interpretação, muito pessoal.

Relembremos a propósito, que fomos dos felizardos que tiveram a sorte de não perder, em 1972, em Cascais, a famosa encenação do argentino Victor Garcia (Tucumán, 1934 – Paris, 1982), então em Portugal, desta mesma peça de Jean Genet (Paris, 1910 – 1986), com tradução de Luiza Neto Jorge para a companhia do “Teatro Experimental de Cascais”, com Eunice Muñoz, Glicínia Quartin e Lourdes Norberto, três grandes actrizes, num espectáculo memorável, que ficou para a história do teatro em Portugal (“a única opção: ir ver, ter a obrigatoriedade de ver, pois dificilmente se voltará a realizar entre nós um espectáculo deste nível”, Orlando Neves, jornal “República”, na crítica de teatro, intitulada “Ritual da Vertigem em Cascais”, 1972).

E agora segue-se, para mim, cuja capacidade física e intelectual de ver muito em pouco tempo é diminuta (e são salvo erro 27 representações diferentes em duas semanas!), para já, no imediato, Valère Novarina, também nascido na Suiça, nos arredores de Genève, em 1947, com o seu “abismo torrencial (..) frenesi verbal (..) cólera e paixão” (texto do programa do FTA), que “amarra” o espectador à cadeira, começando pela sua “Carta aos Actores” (1979) e passando depois a “Pour Louis de Funès” (1986), lidos (e interpretados) por Jorge Silva Melo!
Depois, se conseguir, aceitar mais meia dúzia daquelas propostas que são irrecusáveis para quem goste de teatro e cultura, isto é, para quem goste de conhecer o que os outros têm para nos dizer de realmente superior, sobre a vida e o que nos rodeia.
A propósito, o actual Ministro da Cultura, Pinto Ribeiro, estava numa sessão de “As Criadas” e reparei, porque ele estava algumas filas abaixo, que foi um dos primeiros a levantar-se no final do espectáculo, para aplaudir de pé as maravilhosas actrizes da peça de Genet. Já sabia que ele era excepção neste governo, pela sua cultura, mas pouco poderá provavelmente fazer pela Cultura deste país, em face do orçamento que lhe concedem. Porque os apoios estatais a um festival como este, internacionalmente reconhecido pela sua enorme qualidade, permanecem incrivelmente escassos (e não preciso de dizer para quem vão os muitos milhões, pois não?!).

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