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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

PREFERÊNCIAS DE 2009 - "CHE", de Steven Soderbergh

“CHE, 1ª Parte, O ARGENTINO”, de Steven Soderbergh, (EUA), ***** (5)

Depois do magnífico “Motorcycle Diaries” (Diários de Motocicleta), sobre a juventude de Che, obra do realizador brasileiro Walter Salles (o autor do extraordinário “Central do Brasil”), que conta quando este, com um amigo, percorreu grande parte da América do Sul, tomando conhecimento directo com uma realidade de exploração e miséria dos povos da região, temos agora, realizado pelo famoso realizador norte-americano Steven Soderbergh (Atlanta, Geórgia, EUA – 1963), um filme que aborda outros aspectos da vida revolucionária de Che Guevara, nomeadamente, nesta primeira parte da obra, a participação de Che na Revolução Cubana, que em 1959 derrubou o regime do ditador fascista Fulgêncio Baptista, que dominava Cuba com o apoio norte-americano, tempo em que Havana era um paraíso de casinos e outros estabelecimentos similares, para a grande burguesia ianque.
Gostei muito do filme e também da interpretação do actor mexicano Benicio Del Toro.
Sendo Ernesto Che Guevara, nascido na Argentina, mas cidadão do mundo, uma das figuras mais carismáticas e um dos símbolos da longa história das Lutas dos Povos pela Liberdade e pela Democracia, o risco era grande, mas Soderbergh conseguiu realizar uma obra que os que almejam por um mundo melhor e mais igual para todos, não desdenham, principalmente sabendo que a obra foi realizada nos EUA, cujo governo tem exercido sobre Cuba um tenebroso bloqueio de mais de meio século, e além disso incentivando, fomentando e pagando o terrorismo contra Cuba.
Aliás o filme, além do Festival de Cannes (o maior dos festivais do mundo capitalista), onde Benicio Del Toro ganhou o prémio de melhor actor, participou também na 30ª edição do famoso Festival del Nuevo Cine Latinoamericano, que teve lugar em Havana, Cuba, em 2 de Dezembro de 2008 (ver http://www.radiorebelde.com.cu), sendo, segundo notícias lidas, aplaudido.
A título de informação, além deste filme foi também exibido em sessão especial nesse festival, o excelente “Blindness” (Ensaio sobre a Cegueira), de Fernando Meirelles, adaptação do romance homónimo do nosso Nobel da Literatura, o escritor José Saramago. Também Mike Leigh (GBR), autor de “Happy-Go-Lucky” (Um Dia de Cada Vez) que está em exibição em Lisboa, e Eduardo Coutinho (Brasil) foram alvo de tributos especiais. O festival durou 11 dias e abrangeu 15 salas de cinema da capital cubana.
Aguardo agora a 2ª parte, embora já tenha lido que se refere apenas à acção revolucionária de Che na Bolívia, onde foi assassinado pelas forças da repressão governamental, deixando portanto de lado o seu papel inesquecível na consolidação da Revolução Cubana, após a tomada do poder, e mais tarde a sua acção em África.
Não esqueçamos que, algumas décadas depois, a Bolívia tem, finalmente, um governo popular, presidido por Evo Morales, que derrotou em eleições a oligarquia apoiada pelo governo norte-americano de G.W.Bush.
Para entendimento do grande público, a dimensão das primeiras figuras da Revolução Cubana, Fidel Castro, Che Guevara, Raul Castro e Camilo Cienfuegos, e as mulheres revolucionárias que os acompanharam – Célia Sanchez e Aleida March (excelente Catalina Sandino Moreno), entre outros, está, parece-me, dada com uma certa justeza neste filme.
A não perder.
***** (5)

“CHE” (1ª Parte – “O Argentino”, 2ª Parte – “O Guerrilheiro”), de Steven Soderbergh, (EUA), ***** (5)

Para quem tenha possibilidade, pode ver agora a obra completa, em duas sessões sucessivas, de 2h05m cada, nalgumas salas lisboetas (e não só). Magnífica obra, realizada por um norte-americano, sobre o revolucionário argentino Ernesto Guevara (CHE), embora abrangendo apenas parte da sua vida.
A não perder, dado tratar-se provavelmente de uma das melhores estreias cinematográficas deste ano.
E vejam até ao fim, porque o filme encerra com a belíssima “Balderrama”, magistralmente interpretada pela famosa cantora argentina Mercedes Sosa (San Miguel de Tucumán, 1935). Relembremos a propósito que numa vastíssima discografia cantou Victor Jara, Pablo Neruda e Atahualpa Yupanqui, entre muitos outros poetas e cantores inesquecíveis.
***** (5)

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