ALEMANHA ANO ZERO
Foi rodado por Roberto Rossellini, em 1947, numa Berlim em escombros, resultantes da guerra em que o regime nazi-fascista de Hitler envolveu o seu povo, na sua ambição de poder e de luta contra os ideais socialistas que a URSS protagonizava, nazi-fascismo gerado e apoiado pelos grandes interesses económicos alemães e não só, num conflito que provocou muitos milhões de mortos por todo o mundo.
Esta obra terrível, história impressionante e trágica de uma criança que vagueia entre os escombros à procura de subsistência para a família e que termina duplamente trágica, com as mortes de pai e filho, consequências ainda da ideologia fascista, continua a impressionar-nos.
É uma obra que faz lembrar nas suas imagens por vezes crepusculares o expressionismo alemão, como aliás referido pelo crítico de cinema Adriano Aprà no final da sessão.
Não é, em minha opinião, o melhor de Rossellini mas não deixa de ser um documento da época a não deixar de ver.
Custa a crer mas estas exibições de "Alemanha Ano Zero" neste ciclo nos cinemas Nimas, em Lisboa, e Campo Alegre, no Porto, constituem uma estreia no nosso País. A obra foi à época proibida pelo regime fascista de Salazar que, não esqueçamos, havia decretado 3 dias de luto nacional a quando da morte de Hitler!
Testemunho de um cineasta católico, mas progressista, que assinou o admirável "Roma Cidade Aberta" (de 1945). A exibição deste em Lisboa, no grande auditório Gulbenkian, nos finais de 1973, ainda durante o regime fascista mas a poucos meses da madrugada libertadora de 25 de Abril, merece ser lembrada e fá-lo-ei quando o for rever.
Também a vida do grande cineasta Roberto Rossellini e a suas relações com as várias mulheres da sua vida, incluindo duas das actrizes de que mais gostamos, Anna Magnani e Ingrid Bergman, merece uma citação especial. O que não deixaremos de fazer oportunamente.
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