LEVINE EM HOLLYWOOD (Hollywood and LeVine)
Andrew Bergman, depois também realizador de cinema, publicou esta obra em 1975, um ano depois da demissão de Nixon, o acólito do fascista McCarthy, os da tenebrosa época da caça às bruxas, que ficou conhecida por McCarthismo, o Nixon que chegou a presidente... até ao escândalo de Watergate, o das escutas telefónicas, que provocou a primeira impugnação seguida de demissão (impeachment) de um presidente nos USA.
Nota: Relembrar que a segunda foi a de Bill Clinton, em que os conservadores conseguiram utilizar o facto de ter vindo a público uma relação sexual (com Monica Lewinsky) em que o presidente se envolveu, com aspectos de escândalo para a opinião pública por se ter passado na Casa Branca (Sala Oval). Dá vontade de rir, mas é verdade!
Na foto, um comício do Partido Comunista em 1939, nos EUA, antes de chegar a grande perseguição anti-comunista dos anos 50, na era mccarthista de contornos perfeitamente fascistas, dominada pelo senador McCarthy e pelo futuro presidente Nixon, e com o grande apoio do director do FBI, J. Edgar Hoover, de quem Clint Eastwood, um cineasta conservador, fez uma biografia, "Edgar", em que de certo modo tenta humanizar a tenebrosa figura de Hoover, tentando justificá-la em parte pela homossexualidade de Hoover, numa visão aliás ultra-conservadora.
Lê-se a alta velocidade, esta obra na esteira dos grandes romances de Raymond Chandler, Dashiell Hammett ou Ross Macdonald. Aliás este último fez um grande elogio a "LeVine em Hollywood", com o qual concordo!
A perseguição ao criminoso agente do FBI, Clarence White, infiltrado nos meios progressistas de Hollywood é feita no carro do grande actor e também um homem de esquerda, Humphrey Bogart, com este ao volante. Ideia brilhante do cinéfilo escritor, Andrew Bergman. E Laureen Bacall não segue com eles porque Bogart não quer pôr em risco a vida da sua amada...
Na foto Laureen Bacall e Humphrey Bogart numa manifestação de esquerda em 1947, em Hollywood
Dois excertos da obra:
"O novo representante do distrito no Congresso é um puto chamado Nixon - republicano e, por feliz coincidência membro do Comité Para Actividades Anti-Americanas, que é o bando que vai dirigir a investigação. (...)
Que oportunidade para um político novato, aparecer todas as manhãs nos jornais a perguntar às estrelas de cinema quantos Vermelhos é que conhecem!" (pág. 71)
"- Comunista de merda! - gritou White.
O sangue continuava a correr, mas isso não o impediu de disparar um tiro que me zumbiu ao ouvido. Quando ia a disparar outra vez, matei-o.
Não gosto de matar pessoas, mas esta era uma situação em que a ética não estava em causa. Senti-me como um homem das cavernas. Atingi Clarence White com um tiro que estava longe de ser brilhante. A minha ideia era acertar no coração, mas a dor pavorosa no meu ombro esquerdo fez-me desiquilibrar. A mão desviou-se para cima e o tiro apanhou White na maça de Adão, cortando-lhe a traqueia. Largou a arma e levou as mãos à garganta como para estancar o sangue. A morte foi mais rápida. Ouviu-se um estertor nada divertido de ouvir."
Apesar do meio em que foi escrito e o que o autor "podia" escrever, merece uma leitura! Gostei muito!
Sem comentários:
Enviar um comentário