Cultura!

Cultura!

OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

sábado, 30 de maio de 2015

LeVINE EM HOLLYWOOD (Hollywood and LeVine)

LEVINE EM HOLLYWOOD (Hollywood and LeVine)




Andrew Bergman, depois também realizador de cinema, publicou esta obra em 1975, um ano depois da demissão de Nixon, o acólito do fascista McCarthy, os da tenebrosa época da caça às bruxas, que ficou conhecida por McCarthismo, o Nixon que chegou a presidente... até ao escândalo de Watergate, o das escutas telefónicas, que provocou a primeira impugnação seguida de demissão (impeachment) de um presidente nos USA. 

Nota: Relembrar que a segunda foi a de Bill Clinton, em que os conservadores conseguiram utilizar o facto de ter vindo a público uma relação sexual (com Monica Lewinsky) em que o presidente se envolveu, com aspectos de escândalo para a opinião pública por se ter passado na Casa Branca (Sala Oval). Dá vontade de rir, mas é verdade!


Na foto, um comício do Partido Comunista em 1939, nos EUA, antes de chegar a grande perseguição anti-comunista dos anos 50, na era mccarthista de contornos perfeitamente fascistas, dominada pelo senador McCarthy e pelo futuro presidente Nixon, e com o grande apoio do director do FBI, J. Edgar Hoover, de quem Clint Eastwood, um cineasta conservador, fez uma biografia, "Edgar", em que de certo modo tenta humanizar a tenebrosa figura de Hoover, tentando justificá-la em parte pela homossexualidade de Hoover, numa visão aliás ultra-conservadora.



Lê-se a alta velocidade, esta obra na esteira dos grandes romances de Raymond Chandler, Dashiell Hammett ou Ross Macdonald. Aliás este último fez um grande elogio a "LeVine em Hollywood", com o qual concordo!

A perseguição ao criminoso agente do FBI, Clarence White, infiltrado nos meios progressistas de Hollywood é feita no carro do grande actor e também um homem de esquerda, Humphrey Bogart, com este ao volante. Ideia brilhante do cinéfilo escritor, Andrew Bergman. E Laureen Bacall não segue com eles porque Bogart não quer pôr em risco a vida da sua amada... 



Na foto Laureen Bacall e Humphrey Bogart numa manifestação de esquerda em 1947, em Hollywood

Dois excertos da obra:

"O novo representante do distrito no Congresso é um puto chamado Nixon - republicano e, por feliz coincidência membro do Comité Para Actividades Anti-Americanas, que é o bando que vai dirigir a investigação. (...) 

Que oportunidade para um político novato, aparecer todas as manhãs nos jornais a perguntar às estrelas de cinema quantos Vermelhos é que conhecem!" (pág. 71) 

"- Comunista de merda! - gritou White. 

O sangue continuava a correr, mas isso não o impediu de disparar um tiro que me zumbiu ao ouvido. Quando ia a disparar outra vez, matei-o.

Não gosto de matar pessoas, mas esta era uma situação em que a ética não estava em causa. Senti-me como um homem das cavernas. Atingi Clarence White com um tiro que estava longe de ser brilhante. A minha ideia era acertar no coração, mas a dor pavorosa no meu ombro esquerdo fez-me desiquilibrar. A mão desviou-se para cima e o tiro apanhou White na maça de Adão, cortando-lhe a traqueia. Largou a arma e levou as mãos à garganta como para estancar o sangue. A morte foi mais rápida. Ouviu-se um estertor nada divertido de ouvir."


Apesar do meio em que foi escrito e o que o autor "podia" escrever, merece uma leitura! Gostei muito!

Sem comentários:

Enviar um comentário