Um amigo lembrou-nos no facebook o aniversário de BERNARDO BERTOLUCCI (Parma, 16-Mar-1941), grande cineasta italiano, autor de algumas famosas obras-primas da Sétima Arte e também poeta.
Entre o que conheço cito obras admiráveis como NOVECENTO (1900), A ESTRATÉGIA DA ARANHA, O CONFORMISTA, O ÚLTIMO TANGO EM PARIS, UM CHÁ NO DESERTO, O ÚLTIMO IMPERADOR, ANTES DA REVOLUÇÃO.
Em 2003 realiza o seu penúltimo filme até agora e em minha opinião um dos mais carismáticos, embora tenha uma vez mais suscitado controvérsia na crítica dominante, com os mais conservadores a tentarem queimar a obra.
Trata-se de OS SONHADORES (THE DREAMERS), um olhar de BERTOLUCCI sobre a juventude, em geral de origem burguesa, estudantil, que participou activamente no Maio de 68. É também um filme muito cinéfilo, homenagem discreta à Sétima Arte.
Anos mais tarde (2013) BERTOLUCCI regressa com outra obra que nos surpreendeu pela qualidade, EU E TU, um olhar, quase terno, sobre a juventude actual e a sua falta de perspectivas de futuro num mundo que herdou, consequência das políticas de direita no poder nas últimas 4 décadas, com os resultados sociais desastrosos conhecidos, com a exploração a aumentar brutalmente e a classe dominante a ostentar uma riqueza atentatória da dignidade humana.
Os jovens radicais que BERTOLUCCI retratara nos SONHADORES, porém depressa haviam saltado na sua maioria para o outro lado da barricada e prestaram-se a colaborar com o sistema que queriam derrubar na juventude, tornando-o ainda mais injusto. Alguns participariam mesmo euforicamente no derrube do Muro de Berlim não se apercebendo (ou talvez sim) que estavam a contribuir para o início da construção de outros muros, mas muito mais criticáveis (fronteira do México, fronteira da Palestina, etc, etc).
Estas duas últimas obras (até à data) do grande realizador foram do melhor que vi nos respectivos anos de exibição no nosso País, destacando-se ambas da confrangedora mediocridade dos filmes em geral produzidos pelo sistema, mesmo que habilmente propagandeados pela crítica dominante...
Julgo que BERTOLUCCI é um dos últimos representantes do grande CINEMA ITALIANO do pós-guerra e segunda metade do século XX. Mas melhores tempos virão quando os berlusconi, os barrosos, os aznares, os zarcos, os blairs e todos os seus acólitos forem definitivamente corridos da cena política europeia. E isso será outra etapa da luta de classes.
Quando o grande cineasta BERNARDO BERTOLUCCI, visitou há alguns anos a zona de intervenção da Reforma Agrária, pensei que ele poderia ser um dos homens capazes de criar uma obra-prima de cinema, sobre esses anos inesquecíveis da Luta de Classes, que deram origem à mais bela conquista da Revolução de Abril. Apesar de alguns trabalhos documentais excelentes sobre esses anos, mas falta a grande obra de ficção, ao estilo de 1900, sobre essa luta pelo fim da exploração nos campos.
(Texto escrito directamente no facebook. Peço desculpa por eventuais erros e omissões)
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