Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

segunda-feira, 18 de maio de 2015

EUROPA 51




EUROPA 51, de Roberto Rossellini, de 1952, Leão de Ouro em Veneza

Ingrid Bergman, num dos grandes filmes de Roberto Rossellini, embora esta obra esteja um pouco esquecida (porquê?). Visto no ciclo dedicado ao grande cineasta, no NIMAS, com algumas das suas melhores obras digitalmente recuperadas. 

Irène, casada com um diplomata inglês, segue a vida mundana, fútil e inútil daquele meio grande burguês. Bruscamente toma consciência disso quando o seu filho, um jovem adolescente sensível, julgando-se desprezado pelos pais, se suicida. 

Num período de grande crise, devido à morte do filho único, sentindo-se disso culpada, quer dar sentido à sua vida e, influenciada por um familiar, primo do marido, intelectual marxista, toma consciência da existência de classes sociais muito mais desfavorecidas em quem nem sequer reparava. É nessas visitas aos mais pobres que quer ajudar, que vai a casa de uma prostituta que encontra na rua, Giulietta Masina, magnífica num pequeno papel de início de carreira. 

Mas depressa se depara com existências muito complicadas, que a luta pela sobrevivência torna duras e moralmente muito pouco exemplares. Ao entusiasmo segue-se a desilusão e depois de morar com uma jovem prostituta, mortalmente doente, a quem quer ajudar, mas que acaba por se envolver num crime, a família, considerando-a mentalmente doente, acaba por interná-la com a cumplicidade da igreja católica.

O reconhecimento, por Irène (Ingrid Bergman), uma mulher da alta burguesia, da existência de classes sociais e daquilo que as opõe, é descrito por um cineasta católico, Rossellini, que embora muito crítico do capitalismo e das próprias estruturas da Igreja católica não assume completamente a crítica de um ponto de vista marxista. 

No final da obra, Irène aparecerá como uma "santa" aos olhos dos mais desfavorecidos, embora pouco esclarecidos, e a família autorizará que lhe apliquem todos os tratamentos necessários para a recuperarem para a "sociedade", ainda que a destruindo mentalmente. Mas isso não lhes interessa, nem à Igreja, desde que os fundamentos da sociedade capitalista não sejam postos em causa.

A não perder!








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