Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

domingo, 17 de maio de 2015

PAISÀ (LIBERTAÇÃO)




PAISÀ (LIBERTAÇÂO) (1946), de Roberto Rossellini

Tal como "ROMA, CIDADE ABERTA", outra das obras-primas deste grande cineasta italiano, de novo com a colaboração de Federico Fellini, em início de carreira, e de Marcello Pagliero. 

Georges Sadoul dedica uma página inteira (!) do seu famoso Dicionário dos Filmes, de 1965, a esta obra maior do cinema de guerra. 


Relatos, através de 6 episódios passados do Sul ao Norte de Itália, da luta pela Libertação do país contra o fascismo e o nazi-fascismo. Sadoul salienta em especial os episódios de Florença e do Pó. E fala no apoio do grande poeta Paul Eluard ao filme.

Quase sem actores profissionais é uma obra admirável que continua a emocionar-nos hoje, em que se comemoram os 70 anos da vitória sobre o nazi-fascismo no próximo dia 8 de Maio (Atenção: não falhar a sessão comemorativa no Auditório Camões, em Lisboa, 18.00). 


Ainda vai ser possível ver esta obra na retrospectiva da obra do realizador a decorrer em Abril/Maio no cinema Nimas, em Lisboa (consultar programa). Quem puder que não deixe de ver. 

Ainda sobre PAISÀ (Libertação), obra-prima de Roberto Rossellini, filme do Neo-Realismo Italiano, uma visão humanista da luta do povo italiano para se libertar do fascismo e expulsar os invasores nazi-fascistas. 

Dos 6 episódios, Georges Sadoul, o célebre crítico e estudioso do Cinema tem razão: o último episódio, o passado no delta do rio Pó, é talvez o melhor. 

É o dos resistentes (partigiani) e dos paraquedistas cujos aviões foram abatidos pelos nazis e que se juntam à Resistência para combater os fascistas. 

As suas imagens, realistas, não se apagam da nossa memória. Embora a obra acabe tragicamente, com o assassinato daquele grupo de homens corajosos que não viram a cara à luta, a obra contém em si a esperança de novos dias, com a derrota do fascismo e o nascimento de uma enorme vontade de mudança. Hoje, mais de 70 anos passados, já sabemos o que se passou e como às vitórias se sucederam derrotas e depois novas vitórias e assim sucessivamente. A luta de classes permanece intensa e o refluxo das revoluções deste lado Atlântico faz os fracos desanimar. Mas novas vitórias já se divisam no horizonte, com o capitalismo em profunda crise de decadência, de que a corrupção, a falta de ética, a falta de princípios (que os políticos no poder espelham - cavaco, portas, passos, sócrates e seus seguidores) são sintomas evidentes.

O fotograma que juntei é de um dos momentos mais impressionantes da obra - o funeral do Resistente que os fascistas haviam morto e deitado o cadáver ao rio e que a Resistência resgata das águas ainda que com perigo da própria vida, para lhe dar sepultura nas margens do delta. As imagens são de um grande fotógrafo do cinema, Sergio Amidei.





Conforme foi salientado pelo crítico Adriano Aprà, no final da sessão a que assisti, esta obra foi produzida com dinheiro dos estúdios norte-americanos (o que não deixa de ser notar no filme...) e foi a mais cara desse ano, apesar da sua só aparente simplicidade, sem actores profissionais.


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