Nota à posteriori à visão do filme de Quentin Tarantino, em 25-Jan-10
"Inglourious Basterds" foi considerado o Melhor filme do Ano, nos Screen Guild Awards, prémios atribuídos pelo principal sindicato de actores de Hollywood. Sabendo que os Óscares resultam da votação dos profissionais de cinema de Holywood, este prémio torna o magnífico filme de Quentin Tarantino, um dos principais candidatos aos Óscares. (lido no "Global" de 25-Jan-10)
Outros dois principais candidatos têm sido referidos como "Hurt Locker" (Estado de Guerra) (que já vimos, mas que é apenas, em nossa opinião, um razoável filme sobre o tema) e "Avatar", de James Cameron, que ainda não vimos, porque não nos suscita grande interesse dada a estética envolvida.
A classificação dos críticos é curiosa – no DN, por exemplo: João Lopes ***** (5) (Máx), Eurico de Barros bola preta (0) (Mín).
Porquê? Talvez a razão esteja na frase final da crítica de João Lopes: “ (…) e a ideologia (do filme)? Essa é fácil: é antinazi.”
Posso rir-me? Vou ver assim que possa...
Mais uma “delícia cinematográfica” para os amantes da 7ª Arte.
Homenagem ao cinema de guerra, antifascista, produzido nos EUA durante o conflito que opôs o mundo ao Nazismo, entre 1939 e 1945, ou um pouco antes, se incluirmos a Guerra Civil de Espanha, de 1936 a 1938, ensaio geral dos nazi-fascistas, antes de se lançarem ao ataque no resto da Europa e noutros continentes (ataque do Japão à China).
Homenagem a Chaplin e à sua obra-prima “O Grande Ditador” (1940), que era uma sátira corrosiva ao nazismo, quando este ainda era uma séria ameaça à liberdade dos povos, o que valeu a Chaplin perseguições mesmo nos EUA, dadas as simpatias pelo fascismo entre alguns grandes patrões da indústria do cinema e alguns políticos.
Sátira à gente do cinema que “ajoelhou” perante Goebbels, como o actor Emil Jannings, que havia protagonizado a obra-prima “Blue Angel” (1930), de Josef Von Sternberg, com a famosa e fascinante Marlene Dietrich, actriz sempre anti-fascista e que por isso teve que se exilar e a quem os conservadores nunca perdoaram.
Filme anti-nazi, que, mesmo alterando a verdade histórica e pondo os “basterds” a fazer escalpes aos nazis, ou gravando-lhes a cruz suástica na testa, como vingança contra as atrocidades cometidas, o que só termina na derradeira cena do filme, quando idêntico tratamento é dado ao agente-mor das SS, especialista em capturar judeus (magnífica interpretação do austríaco Christoph Waltz, que lhe valeu o prémio de interpretação masculina em Cannes 2009), e põe o estado maior nazi, incluindo Hitler e Goebbels, a morrerem como ratos, num cinema parisiense em chamas, durante a estreia de uma produção da UFA, e sob as balas dos “basterds”, é de não perder.
Claro que o papel determinante do Exército Vermelho e do povo soviético, na derrota nazi, resistindo e rechaçando a invasão da URSS e perseguindo depois as tropas germânicas até Berlim, e a Resistência, em França e nos outros países ocupados, muitas vezes liderada pelos comunistas, não existem na obra. E é necessário que não sejam esquecidas. O único receio é que algumas mentes ignorantes venham a tomar a ficção por realidade. E pensem que tudo se deveu aos “basterds” (estes ou outros), made in USA…
Para não tornar muito longa esta nota, só uma pergunta aos linguistas, sem querer fazer humor (só um bocadinho…): alguém sabe a razão dos erros ortográficos do título original, ou serão resultantes de algum acordo ortográfico em perspectiva (como se isso fosse possível com a língua inglesa e com os ingleses!).
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