Um belo encerramento do Festival Internacional de Teatro de Almada de 2009. Não só pelo magnífico espectáculo teatral, medieval, seiscentista, da Renascença Italiana, na República de Veneza, encenado por Mário Barradas, seguindo a encenação feita em 1973, com a grande actriz Fernanda Alves (Lisboa, 1930 - 2000) e Mário Jacques, para os BONECREIROS, a pedido expresso do Director do Festival, Joaquim Benite, numa homenagem do Festival a uma corrente de Teatro Popular que tão importante foi.
Mas, momento ímpar, o Festival logrou reunir neste final, no palco, duas referências do teatro português. Um veterano tão admirado como Mário Barradas (Ponta Delgada, 1931), fundador do Centro Cultural de Évora, antecessor do CENDREV, em 1975, e um jovem, já de créditos firmados no teatro europeu, Emmanuel Demarcy-Mota (Neuilly-sur-Seine, 1970), filho da actriz Teresa Mota. É por tudo isto que o espectáculo de encerramento acabou por constituir, perante o anfiteatro ao ar livre, em noite amena, a transbordar, com espectadores sentados nas escadas, um fecho condigno para mais um magnífico festival, fazendo jus à afirmação de um nome grande como Matthias Langhoff, “O Festival de Almada é o mais interessante e agradável da Europa”.
Teresa Gafeira e Paulo Matos, em Betia e Ruzante, foram magníficos, muito bem acompanhados por Ivo Alexandre (Menato) e José Martins (Soldado), na intriga jocosa, mas crítica, engendrada pelo autor. “ Na realidade, o que o Teatro de Ruzante mostra é muito mais a vitalidade e o instinto de sobrevivência do campesinato paduano, nas condições históricas objectivas da sua existência como classe oprimida, ou seja, por relação às classes que exercem essa opressão, do que quaisquer taras congénitas e eternas do ente camponês, em si mesmo risíveis e produtoras dum cómico espontâneo.” (Mário Barradas)
Muita pena temos de, por razões familiares, não termos podido acompanhar a degustação da vitela barrosã, grelhada à vista do público, que se seguiu na Esplanada do Festival, com artistas e espectadores presentes.
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