Penso que estas interpretações de Jorge Silva Melo, em dias diferentes, dos textos do dramaturgo francês, devem ter constituído dois dos momentos altos do Festival deste ano.
Elegia do Actor através de dois discursos torrenciais, apaixonados, de Novarina. “Imprecações, rebeldias, louvores, esconjurações”, segundo palavras do próprio actor (e encenador), na Revista Artistas Unidos, número 19.
Excessos, também. A palavra, em toda a sua amplitude, em jorros sobre o espectador, “amarrado” à sua cadeira pela força do discurso (mas houve quem abandonasse a sala…Porque não gostou?).
Não se concorda obviamente com tudo o que se ouve. Alguma coisa nos toca, porém. É a tentativa apaixonada de recolocar o actor no centro da obra teatral, tema que é caro a Jorge Silva Melo e que ele, uma vez mais exprime, no referido número da revista editada pelos Artistas Unidos, tal como nas duas interpretações brilhantes das palavras Novarina.
Novarina foi buscar um grande actor, mas desprezado por muitos por se ter dedicado à comédia popular (às vezes populista), que agrada ao grande público e se ter dedicado ao cinema, quase sempre de pouca qualidade. Como se aqui, neste país, alguém viesse, para defender o Actor, fazer o elogio de, por exemplo, Nicolau Breyner, um dos grandes actores da sua geração, que esteve no Teatro Moderno de Lisboa, nos anos 60, mas, tal como Louis de Funès, subtilmente desprezado por muitos, por aquilo que tem maioritariamente feito de popular ou, muitas vezes, populista.
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