“ZERLINA”, de Hermann Broch, encenado por Robert Cantarella, para a companhia francesa LALA (Les Acteurs Librés Associes), **** (4)
Este também é um festival de actrizes! Chegou a vez de Thérèse Crémieux, uma magnífica Zerlina.
Não a Zerlina de D.João, de Mozart, aquela que o nosso José Saramago transformou numa das suas heroínas, criando, uma vez mais, o par mágico – um homem e uma mulher, que consubstancia parte da sua obra, par que se destaca, em geral como símbolo, da massa de gente revoltada contra a exploração e injustiças de que é vitima, mas gente que constitui o núcleo fundamental do seu magistral e nobelizado trabalho.
Esta Zerlina, é outra, a velha criada do pequeno texto do famoso escritor austríaco, Hermann Broch (Viena, 1886 – New Haven, 1951), autor de “Os Sonâmbulos” e de “A Morte de Virgílio”, que em 1938 teve que abandonar definitivamente o seu país natal, devido às perseguições nazis.
O encenador Robert Cantarella, grande nome do teatro europeu, adaptou-o, não sei se integralmente ou não, em espectáculo magnífico e encantatório. É conhecida a opinião sobre este texto, de Hannah Arendt, a autora de “Homens em Tempos Sombrios”, que considerava “Zerlina” de Broch, a mais bela história de amor que conhecia.
Esta encenação seduz irresistivelmente o espectador, muito por mérito da sua actriz. Que tem também uma dicção perfeita, que quase dispensava a legendagem, mesmo para um espectador esquecido das línguas como eu, embora prefira que ela exista sempre, para não me escaparem as nuances, às vezes fundamentais, do texto.
No final, perante a afirmação de quem quisesse saber o resto da história da criada Zerlina, esperasse pela terceira parte, alguns espectadores perguntavam em surdina, e ansiosamente, “Quando?”. E foi necessário organizar uma sessão extra (não para ver a terceira parte…), dada a afluência de público.
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