Visto INDIE LISBOA’09 – 6º Festival Internacional de Cinema Independente.
Do autor do famoso e magnífico “Distant Voices, Still Lives” (de 1988), para mim (e pelos vistos não só) um dos melhores filmes britânicos das décadas de 80 e 90. O crítico da “Time Out” inglesa (com todas as reticências que se possam pôr às vezes à coerência dos seus críticos) considerou-o em muitos aspectos o melhor desde as obras da dupla Michael Powell / Eric Pressburger.
Agora trata-se de um documentário magnífico sobre a sua Liverpool natal, com muitas imagens de arquivo que o autor seleccionou, e com um interessantíssimo texto de Davies, que ele próprio lê em off.
Meditação sobre vida e morte, com as suas impressionantes imagens da decrepitude duma cidade desde o pos-guerra, nostalgia da Liverpool da sua infância e juventude, retrato da classe trabalhadora e das suas dificuldades para sobreviver num Reino Unido profundamente desigual. Terence Davies não tem pejo em dizer verdades em relação ao poder, a família real em primeiro lugar, e às igrejas, em especial a católica, que frequentou quando adolescente.
Obra poética, cuja poesia se faz da linguagem fílmica, mais do que das imagens, mas também das palavras do autor, olhar apaixonado pela cidade onde nasceu e viveu.
Algumas das referências de Terence Davies (Liverpool, 1945) são perfeitamente idênticas a algumas das minhas: Sibelius, Chostakovich e Mahler; Engels e Tcheckov; James Joyce; “Serenata à Chuva, de Stanley Donen e Gene Kelly! Não admira pois que tenha apreciado tanto o “Distant Voices, Still Lives”, tal como agora este belíssimo documentário.
***** (5)
Sem comentários:
Enviar um comentário